Todos nós com rosto descoberto refletindo como um espelho a glória do Senhor

“Mas todos nós, com rosto descoberto refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados na mesma imagem de glória em glória, sim, como pelo Espírito do Senhor.” – 2 Coríntios 3:18 (versão revisada).  

Suponho que quase ninguém negaria, se isso fosse feito a ele, que a maior realização possível que um homem pode fazer neste mundo é a semelhança com O Senhor Jesus Cristo. Certamente ninguém negaria que não há nada além de caráter que podemos levar a cabo na vida conosco, e que nossa perspectiva de bem em qualquer vida futura certamente irá variar com a semelhança de nosso caráter com o de Jesus Cristo, que deve governar todo o futuro. 

Todos nós admitimos isso; mas quase cada um de nós oferece a si mesmo alguma desculpa por não ser como Cristo, e quase não tem qualquer realidade clara de objetivo de se tornar como Ele. Ora, dizemos a nós mesmos, ou dizemos em nossa prática, é realmente impossível em um mundo como o nosso tornar-se perfeitamente santo. 

Um ou dois homens em um século podem se tornar grandes santos; dada uma certa disposição natural e dadas circunstâncias excepcionalmente favoráveis, os homens podem se tornar santos; mas certamente o normal comum dos homens, homens como sabemos que somos, com disposição secular e muitas paixões fortes e vigorosas – certamente não podemos realmente esperar que nos tornemos como Cristo, ou, se isso for esperado de nós, sabemos que isso é impossível. 

Pelo contrário, Paulo diz: “Todos nós”, “todos nós”. Todo cristão tem um destino: ser transformado à imagem de seu Senhor. E ele não apenas diz isso, mas neste único versículo ele nos revela o modo de nos tornarmos semelhantes a Cristo, e um modo, como veremos, tão simples e tão infalível em seu funcionamento que um homem não pode entender sem renovar sua esperança que mesmo ele possa um dia se tornar como Cristo. 

”E aconteceu que, descendo Moisés do monte Sinai trazia as duas tábuas do testemunho em suas mãos, sim, quando desceu do monte, Moisés não sabia que a pele do seu rosto resplandecia, depois que falara com ele.”

Para compreender este modo mais simples de santificação, devemos olhar para trás, para o incidente que lemos no Livro do Êxodo (xxxiv. 29-35.). Paulo estava lendo que, quando Moisés desceu do monte onde falava com Deus, seu rosto brilhava de modo a vislumbrar e alarmar os que estavam perto dele.  

Eles imediatamente reconheceram que aquela era a glória de Deus refletida dele; e assim como é tão difícil para nós olhar para o sol refletido em um espelho quanto olhar diretamente para o sol, esses homens sentiram que era quase tão difícil olhar diretamente para o rosto de Moisés quanto olhar diretamente para o rosto de Deus, mas Moisés era um homem sábio e mostrou sua sabedoria neste caso, bem como em outras ocasiões. 

Ele sabia que aquela glória estava apenas na pele de seu rosto e que é claro que iria passar, foi um brilho superficial. Consequentemente, ele colocou um véu sobre o rosto, para que os filhos de Israel não vissem morrer de minuto a minuto e de hora a hora, porque ele conhecia esses israelitas completamente, e ele sabia que quando eles vissem a glória morrendo eles diriam: “Deus abandonou Moisés; não precisamos mais atendê-lo. Sua autoridade se foi, e a glória da presença de Deus passou dele. ” Então Moisés usou o véu para que eles não vissem a glória morrendo. 

Mas sempre que ele era chamado de volta à presença de Deus, ele tirava o véu e recebia um novo acesso de glória em seu rosto, e assim ia “de glória em glória”.  

“Esse”, diz Paulo, “é precisamente o processo pelo qual nós, homens cristãos, nos tornamos semelhantes a Cristo”. Voltamos à presença de Cristo com o rosto descoberto; e sempre que estivermos em Sua presença, quantas vezes lidamos em nosso espírito com o Cristo vivo, frequentemente assumimos um pouco de Sua glória. 

A glória de Cristo é Seu caráter; e sempre que nos colocamos diante de Cristo, pensamos Nele e reconhecemos o que Ele era, nosso coração se expande e reflete um pouco de Seu caráter. E esse reflexo, essa glória, não está mais apenas na pele do rosto; como Paulo deseja que reconheçamos, é uma glória espiritual, é operada pelo espírito de Cristo em nosso espírito, e somos nós mesmos que somos transformados de glória em glória na própria imagem do Senhor. 

Obviamente, este modo de santificação tem recomendações extraordinárias. Em primeiro lugar, é absolutamente simples. Se você for a algum sacerdote ou diretor espiritual, ou ministro do Evangelho, ou amigo, e perguntar o que você deve fazer se quiser se tornar um homem santo, ora, mesmo o melhor deles quase certamente lhe dirá para ler certos livros, gastar tanto tempo em oração e lendo sua bíblia, ir regularmente à igreja, se envolver neste e naquele bom trabalho. 

Se você tivesse se candidatado a um diretor espiritual da idade média da história deste mundo e da história do cristianismo, ele teria lhe dito que você deveria se retirar totalmente do mundo para se tornar santo. Paulo diz: “Fora com todas essas bobagens!” Estamos vivendo em um mundo real; Cristo viveu em um mundo real: Cristo não se retirou dos homens. E Ele diz que tudo o que você precisa fazer para ser como Cristo é carregar a imagem Dele com você no coração. Isso é tudo. 

Estar com Ele, deixá-lo estar diante de você e comandar o seu amor, isso infalivelmente o transformará à Sua imagem. Não sei se reconhecemos suficientemente a simplicidade dos métodos cristãos; não entendemos o que Paulo quis dizer ao proclamá-la como a religião do espírito, como uma religião superior a tudo o que é mecânico e externo. 

Pense na libertação que foi para aquele que cresceu sob uma religião que o ordenava a fazer uma viagem três vezes por ano, para pegar o melhor de seus bens e oferecê-los no Templo, para cumprir uma multidão de observanças  opressivas e ordenanças. Pense na emancipação quando ele teve o encontro com Cristo. 

Ora, naquela época um homem deveria se desesperar para se tornar um homem santo; mas agora Paulo diz que você infalivelmente se tornará santo se aprender esta lição fácil de carregar o Senhor Jesus com você em seu coração.  

Olhe para qualquer família e o que você vê? Você vê o menino, não imitando conscientemente, mas assumindo a aparência, as atitudes e os modos de seu pai; e à medida que o menino cresce, essas se tornam sua própria aparência, atitudes e maneiras.

Ele refletiu seu pai de um grau de proficiência para outro, de uma intimidade, de um dia de observação de seu pai para outro, até que ele seja a imagem do próprio pai.

“Da mesma forma”, diz Paulo, “viva com Cristo; aprenda a carregar Sua imagem com você, aprenda a adorá-lo, aprenda a amá-lo, e infalivelmente, você se tornará um em Cristo; você se tornará conformado com Ele, pois Deus deseja que você se torne conformado à imagem de Seu Filho ”.

Isso foi testado pela experiência de milhares; e descobriu-se que é um método verdadeiro. Todo aquele que gasta apenas dois minutos pela manhã na observação de Cristo, todo aquele que se dará ao trabalho de deixar a imagem de Cristo surgir diante de si e lembrar a pureza, a irrealidade, a compaixão de Jesus Cristo , esse é o melhor exercício. 

E quão totalmente inútil é oferecer qualquer outro método de santificação a milhares de nossos concidadãos. Como muitos de nossos concidadãos podem se esconder para orar? 

Se você pedir a eles para irem orar enquanto você ora em sua confortável casa, se você pedir a eles que leiam a Bíblia antes de saírem às cinco ou seis horas da manhã, você espera que sua palavra seja seguida? Ora, a coisa é impossível. 

Mas peça a um homem que carrega Cristo consigo em seu coração, isso é uma coisa que ele pode fazer; e se ele fizer isso uma vez, mesmo que apenas uma vez que o homem veja Cristo diante dele, perceba que esta pessoa viva está com ele, e se lembra do caráter de Cristo.

Como está escrito para nós nos Evangelhos, esse homem sabe que ele fez um progresso, sabe que se tornou melhor por isso, sabe que reflete, por pouco, ainda que seja por pouco, a própria imagem do Senhor Jesus Cristo; e outras pessoas também veem isso. 

Agora, se for assim, obviamente há três coisas que devemos fazer. Devemos, em primeiro lugar, aprender a nos associar a Cristo. Eu digo que mesmo um reflexo faz algo, mas precisamos refletir Cristo constantemente, continuamente, se quisermos nos tornar como Ele.